Sobre o relatório de fiscalização do Ministério da Defesa e o que restou de nossa democracia
10/11/2022
Sobre o relatório de fiscalização do Ministério da Defesa e o que restou de nossa democracia
Flávio Mamede Pereira Gomes
O Ministério da Defesa enviou nesta 4ª feira (9.nov.2022) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relatório de fiscalização produzido pelos técnicos militares sobre o processo eleitoral nos 1º e 2º turnos.
No documento, os encarregados pela fiscalização apontaram risco à segurança e fizeram, não sugestões para futuros pleitos, mas solicitação com urgência da investigação sobre o ocorrido durante a compilação do código-fonte e a análise dos códigos binários efetivamente utilizados nas urnas. Ao que o Ministro do Tribunal Superior Eleitoral respondeu, com satisfação, que o Ministério da Defesa não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022.
Em detalhes:
A equipe das Forças Armadas foi designada inicialmente e composta para realizar fiscalização e auditoria[1]. No entanto, em reunião, o TSE restringiu a atuação das Forças Armadas a fiscalização, que consiste em “verificar se algo está ocorrendo como previsto”. Isto significa que não coube às Forças Armadas avaliar o grau de segurança do SEV.
Foram oito atividades previstas e executadas. A primeira delas, o acesso ao código-fonte, não foi permitido às Formas Armadas compilar o código, apenas realizar uma análise estática, entenda-se inspeção visual (17 milhões de linhas de código, com partes dele sendo bibliotecas de código de terceiros, também não acessadas). O relatório afirma que o TSE só permitiu aos técnicos das Forças Armadas portarem papel e caneta ao adentrar na sala de computadores e também que o TSE inviabilizou a comparação de versões, ficando impossível até mesmo verificar se a versão fiscalizada é a mesma presente nas urnas. Conclusivamente, é necessário uma análise dinâmica em condições normais de uso para atestar que o conjunto hardware e software funciona corretamente, isto é, realizam o que deveriam e somente o que deveriam fazer.
Na etapa de cerimônia de assinatura digital e lacração dos sistemas, as Forças Armadas não puderam aferir a correspondência entre o código inspecionado e o efetivamente compilado. Além do mais, houve acesso à rede durante a compilação, que é um importante risco à segurança do processo. Diante dessas constatações, foi protocolado um pedido de esclarecimento ao TSE (Anexo G do relatório), o que não foi atendido. Repetindo: não puderam aferir a correspondência entre o código inspecionado e o efetivamente compilado.
A cerimônia de geração de mídias e de preparação das urnas foi feita conforme previsto, com a existência de mecanismos de controle de execução de tarefas e com a participação de juízes e promotores nas cerimônias. Concluiu-se que não foram encontradas nenhuma não-conformidade.
Quanto às cerimônias de verificação dos sistemas eleitorais instalados e de zerésima do sistema de totalização, a atividade limitou-se a conferir os hashes e as assinaturas digitais. Os demais procedimentos foram realizados pela equipe do TSE, cabendo apenas a observação por telão, à distância, dos agentes fiscalizadores. Não foi permitido o acompanhamento detalhado dos scripts de inicialização.
Os testes de integridade foram a primeira conferência do SEV em funcionamento, abrangendo 580 seções eleitorais e todos os tipos de urnas (2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2020). Durante esses testes, as urnas não apresentaram anomalias. E, por fim, para o projeto-piloto de biometria foram escolhidas 58 seções. Devido à adesão aquém da faixa percentual dos eleitores aptos nas seções eleitorais, ao número reduzido de urnas submetidas ao projeto-piloto e à escolha não aleatória e antecipada, foi um teste inconclusivo para a detectar anomalias no funcionamento das urnas.
Por último, a conferência dos boletins de urna, 442 no 1º. Turno e 501 no 2º. Turno não foram encontradas diferenças nestas 0.2% das urnas.
Acima, os fatos. Agora a opinião. As Forças Armadas não puderam fiscalizar como deveria, nem auditar. Se as Forças Armadas não podem determinar o grau de confiabilidade do SEV, para não configurar desvio da função específica a que foi chamada a atuar pelo TSE, no entanto, seu papel institucional excede em muito esta tarefa. Mas nós podemos e devemos formar um juízo sobre o que nos foi apresentado. E dizemos que este sistema não nos atende enquanto sociedade democrática que requer transparência.
Foram 7 os pontos fiscalizados:
No cômputo geral, e agora deixando de lado o aspecto técnico e ampliando o horizonte para a política, a história, os valores e tudo o mais que não nos é impedido de levar em consideração, podemos ver claramente como o SEV foi blindado à atuação das Forças Armadas, e foi blindado de toda e qualquer transparência. No jogo do poder, não é preciso vencer as eleições, basta dominar o sistema eleitoral. Ou em outras palavras, “o poder não se ganha, se toma”, essa é a máxima pregada e executada pela esquerda, para a qual “os fins justificam os meios”.
1) Se a eles, as Forças Armadas, com competência e lugar de direito, não foi permitido os meios para garantir o que se deve esperar do Sistema Eleitoral;
2) Se já foram encontradas anomalias ainda não explicadas, sequer examinadas, nos resultados das votações de 1o. e 2o. turnos, em que em uma mesma zona eleitoral, as urnas de 2020 (melhor auditadas) dão vitória para o Bolsonaro e as urnas anteriores dão vitória ao Lula;
3) Se há cerceamento da fala de deputados federais, com contas fechadas nas redes sociais por questionarem o resultado das urnas, eles que são os representantes do povo e por isso tem o dever de falar pelo povo e tem imunidade pela Constituição para isto... e isto está sendo violado;
4) Se antes disso, o processo eleitoral, na fase de campanha, não houve igualdade de tratamento aos candidatos, com claro favorecimento a um, o dEx-Condenado;
5) Se exigimos a investigação das inserções de rádio na campanha do Nordeste –da ordem de 150mil inserções a menos para o Bolsonaro – e não fomos atendidos, e ainda fomos ameaçados;
6) Se até verdades patentes foram classificadas como fake news, até mesmo que o PT votou contra o Auxílio Brasil ou que Lula não foi absolvido, que Lula é amigos de todas as ditaduras e ditadores da América Latina, sendo que foi permitido chamar o Bolsonaro de genocida;
7) Se os membros do atual STF e TSE foram indicados por partidos políticos da coligação petista, e demonstram por palavras e atos que agem por viés ideológico e em clara perseguição aos que se lhe opõem;
É preciso que a sociedade civil organizada, ou pelo menos a parte sã, a partir dos setores mais representativos dos valores e da sobrevivência da mesma sociedade, dos quais destaco a religião e a economia, conclamo a todos que façam um esforço junto a suas comunidades religiosas e econômicas, para formar um juízo comum acerca da legitimidade do pleito eleitoral e, por conseguinte, do atual processo de implantação de um governo de viés totalitário e anti-democrático.
Assim como as Forças Armadas, eu também finalizo com um aviso dizendo que: "reafirmo o compromisso permanente com a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem”. Mas quando fazem tudo o que fizeram e saem das 4 linhas da Constituição para recolocar um corrupto, condenado, de volta à Presidência da República, com o Judiciário perseguindo os inimigos políticos, é hora de dar um basta e declarar guerra às pessoas e partidos ligados a este projeto de poder absoluto.
Assinado: Flávio Mamede Pereira Gomes
Sobre o Relatório do Ministério da Defesa
Sobre o Sistema Eletrônico de Votação (SEV):
1) houve acesso à rede durante a compilação do código-fonte (risco à segurança do processo).
2) não é possível afirmar que está isenta de código malicioso.
Foi solicitado com urgência:
1) investigação do ocorrido durante a compilação do código-fonte.
2) analisar os códigos binários efetivamente utilizados nas urnas.
[1] Portaria GM-MD nº 4.115/2022, de 2 de agosto de 2022.
Acesso ao código-fonte | alerta máximo, não atendido |
Assinatura digital e lacração dos sistemas | alerta máximo, não atendido |
Geração de mídias e de preparação das urnas | ok |
Verificação dos sistemas eleitorais instalados | ok, mas não atendido |
Zerésima do sistema de totalização | ok, mas não atendido |
Testes de integridade | inconclusivo |
Conferência dos boletins de urna | ok |